Quando falo de imagem, falo daquilo que é produzido, daquilo que é preparado para ser exposto publicamente, falo daquilo que se expressa diante dos outros, mas que na verdade não corresponde à realidade da vida daquele que produz a sua própria imagem. Falo da artificialidade do aparentar em detrimento do revelar do ser que existe de fato.
Agora, por exemplo, quando estamos diante de uma nova campanha política estaremos novamente sendo maçiçamente expostos à imagens produzidas com esmero e detalhamentos meticulosos, imagens que estarão sendo veiculadas com vistas a conquista do voto popular. Mas na sua grande maioria serão apenas e tão somente imagens.
A essa questão de imagem é dada um poder extremo em nossa sociedade de informação, haja visto o grande numero de cirurgias estéticas feitas hoje no Brasil e no mundo e os milhões gastos na produção marqueteira de imagens . Ídolos em todas as esferas são diariamente criados.
Mas quando pensamos nesse tema da imagem e do testemunho numa perspectiva cristã lembramos que no tempo de Jesus um dos grupos mais preocupados com a sua imagem externa era o grupo dos fariseu, eles viviam procurando manter uma imagem extremamente trabalhada diante do povo, suas vestes, seu linguajar e trejeitos eram parte de uma grande preocupação com uma imagem previamente trabalhada.
Jesus falou radicalmente contra tudo isso, ensinando que a verdadeira imagem é aquela que nasce como fruto da realidade que ela espelha, as mais duras palavras de Jesus foram dirigidas àqueles mais preocupados com sua imagem religiosa, ou seja os fariseus. Hoje não é diferente, a palavra de Jesus continua soando com o mesmo poder e força nos chamando a atenção para o fato de que Deus não está em busca de imagens bem trabalhadas e afetadamente expostas, Deus não se impressiona com a nossa aparência, mas busca achar em nós uma realidade interior sincera fruto de um coração puro e santo que se revela num caráter em amadurecimento à semelhança de Jesus.
A imagem do cristão deve ser resultado do agir do Espírito Santo na vida do cristão gerando a cada dia a verdadeira imagem do caráter de Cristo que está sendo formado em nós, ou seja, um testemunho da marca de Jesus em nossa vida.
No meio evangélico hoje somos tentados a viver de imagem. Pregadores vivem de imagens; lideres vivem de imagem; membros de igreja vivem de imagem; igrejas locais vivem de imagem. Etc. mais ainda, a teologia da prosperidade tem uma grande ansiedade pela imagem, mas nenhum cuidado com o testemunho dos valores de Jesus; o liberalismo teológico gosta da imagem de intelectualidade mas a essência que tem gerado é pobre na verdadeira transformação de vidas; os modismos teológicos que surgem aqui e acolá valorizam muito a imagem mas são efêmeros em sua essência .
Imagens têm o poder apenas de enganar e desviar pessoas, mas não engana e nem toca o coração de Deus. Por exemplo, Deus não ungiu Eliabe irmão de Davi; Eliabe tinha imagem, cara e porte de rei, mas segundo olhar penetrante do Senhor não tinha coração de rei. O próprio Samuel, a princípio, fixou-se na imagem, mas ele aprendeu que imagem não é tudo ou na verdade e quase nada.
Em fim, diante de tudo isso e mais, precisamos resgatar a busca pelo testemunho que nasce fruto de uma essência real marcada pela presença transformadora de Jesus na vida humana e rejeitar o foco e a ênfase na aparência exterior artificial, pois a aparência deste mundo passa , mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre,por isso reafirmo, cristão não tem “imagem”, mas testemunho.
Pr. Ednilson Correia de Abreu
Pastor da PIB em João Neiva –ES
ednilsonpr@hotmail.com